Como sabemos a morte faz parte do ciclo da vida, ou seja, nascemos, crescemos, nos desenvolvemos, adquirimos experiências e em algum momento partimos. Ter conhecimento disso nem sempre nos conforta, até mesmo porque a noção de irreversibilidade gera no homem angustia na maioria das vezes.

A morte trás uma série de sentimentos relacionados à dor causados pela ausência, ou até mesmo pelo rompimento de uma relação, dando assim início ao processo de luto.

A perda a qual a pessoa se depara trás em um primeiro momento, certa desorganização, causada pela ausência e pela dor. A partir daí é preciso que o luto seja vivido para que a pessoa possa reorganizar seus sentimentos após a notícia da morte. Trata-se de um processo normal, esperado e necessário. Neste momento o enlutado poderá vivenciar o pesar, aceitar a realidade da morte, tentar se ajustar ao meio no qual o falecido não mais se encontra, construir novos laços afetivos e reposicionar em termos emocionais a pessoa que faleceu em sua vida.

Para que isso aconteça é esperado que o enlutado vivencie as cinco etapas que compõe o processo de luto, são elas:

Choque: é o primeiro impacto, o contato inicial com o inesperado, a notícia da morte. A pessoa tem a sensação de viver um pesadelo.

Protesto ou revolta: a pessoa já tem noção do irreversível, mas pode tentar buscar um culpado pela perda em alguns momentos. Neste período podem ser levantados questionamentos tais como: "Porque isso aconteceu comigo?", "Onde foi que eu errei?", "Porque não fiz nada?"

Desespero: A pessoa sente um profundo desespero ao se dar conta que seu ente querido morreu e não vai mais voltar. Nesta fase a questão do "nunca mais" é evidenciada, gerando dor ao enlutado.

Recuperação: A pessoa começa a se ajustar ao ambiente e a rotina sem o falecido. O ente querido passa a ficar nas lembranças, quase sempre acompanhadas por crises de choro.

Re-investimento: etapa em que as pessoas conseguem retomar as suas atividades de forma mais efetiva, buscam novos vínculos e procuram dar novos sentidos a sua vida. É uma espécie de recomeço, onde se aprende a conviver com a falta que o falecido deixou. Neste momento não quer dizer que o falecido tenha caído no esquecimento e sim que sua morte foi entendida.

Vivenciar as etapas do luto não quer dizer que a pessoa terá a vida que tinha antes de perder um ente querido e sim que ela conseguiu viver a dor sem transformá-la em um sofrimento eterno.

É importante entendermos que cada pessoa tem o seu tempo e que não devemos forçá-la a viver este momento com rapidez. Cada um irá manifestar seu sofrimento a partir de um estilo próprio e, sobretudo, de acordo com a estreita relação que se mantinha com a pessoa que se foi.

Nágela G. Caires Sousa

Psicóloga graduada pela UEMG - Faculdade Estadual de Minas Gerais

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