“Há 4 anos eu perdi um grande amigo, uma das pessoas mais incríveis que eu já conheci.

Extremamente talentoso, gentil e com um grande coração. Eu me lembro perfeitamente da última vez que o vi: passeando do outro lado da calçada onde eu estava.

Pensei em gritar para chamá-lo, mas ele estava tão feliz que transbordava e ele sorria olhando para frente. Estava tão imerso em seus pensamentos de alegria que eu não quis interromper.

Lembro que o sorriso dele me fez sorrir também. Não me arrependo nem por um segundo de ter tomado essa decisão.

No entanto, adquiri um hábito incomum, depois que ele faleceu: olhar a foto do WhatsApp e a página no Facebook dele.

Acho que foi a maneira que eu encontrei de me sentir perto dele de alguma forma.” - Anônimo

Talvez você, assim como a pessoa do depoimento, também faça isso.

É normal revistar as mensagens e/ou redes sociais de amigos e entes queridos que faleceram?

Do contrário do que possamos imaginar, isso não tem nada de incomum.

Revisitar mensagens e memórias online já se tornou rotina no século em que a tecnologia representa grande parte da nossa vida, por mais que ainda cause estranheza em algumas pessoas.

Manter um áudio salvo no celular para relembrar quem amamos, é um ritual que não se diferencia tanto da experiência de olhar um álbum de fotografias ou visitar o túmulo de quem amamos.

Afinal, hoje, nós literalmente carregamos memórias em nossas bolsas.

Nossos aparelhos já viraram parte de nós: confiamos nos celulares para nos indicar direções, pedir o nosso jantar, fazer conexões, mostrar cada pedacinho das nossas vidas e, às vezes, até casar.

É impossível fazer uma dicotomia entre a vida online e a vida offline. Então, é claro, que a morte e a elaboração do luto não poderiam deixar de fazer parte desse ciclo também.

De acordo com uma estimativa, de 8 a 10 mil usuários do Facebook falecem todos os dias.

Isso quer dizer que, da mesma forma que a nossa casa física, quando falecemos, alguém precisa lidar com a nossa casa online, nossos pertences digitais traduzidos em textos e fotos, e dar a triste notícia para quem está nas plataformas.

E, à medida que a tecnologia avança, muda naturalmente a forma de sentir, expressar a dor e oferecer suporte frente a partida de quem amamos.

Por isso, incluir e aceitar as redes sociais como parte de uma nova forma de viver o Luto é essencial.

E quando apagar as mensagens e página?

Quando se sentir confortável, assim como todas as coisas durante o Luto. É importante abraçar os seus sentimentos e respeitar o tempo da sua jornada individual acima de tudo.

Em 2018, Elsa Ronningstam, Professora Associada da Escola de Medicina de Harvard, disse que, naquele momento, ainda não existiam estudos suficientes para entender o tamanho do impacto das tecnologias no Processo de Luto.

E, talvez, ainda demorem alguns anos para que possamos entender melhor sobre a relação entre os dois.

Até lá, uma coisa é fato: se existe vida, existe morte e luto. Que seja mais uma forma de honrar a lembrança de quem amamos.

No Horizontes, acreditamos que toda forma de lembrança é genuína.

E você? Revisitar mensagens também faz parte do seu ritual? Compartilhe conosco nos comentários. 

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Fontes:

https://www.huffpost.com/entry/parents-voicemails-death_n_7440088

https://www.bostonmagazine.com/news/2018/06/12/text-messages-dead-loved-ones/

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